Resenha: Gênesis

            
Editora: Intrínseca
Autor: Bernard Beckett
Páginas: 176
Sinopse: Na ocasião em que a Terra foi arrasada pela Peste, os sobreviventes reuniram-se em uma nova sociedade. Separados do mundo exterior por uma cerca em pleno oceano, vivem em absoluto isolamento – aviões que se aproximam são abatidos; refugiados, executados. Até que um soldado escolhe romper com as regras e, em vez de disparar, resgata das águas uma menina. Seu nome é Adam Forde. Ele muda para sempre o curso da História. Anaximandra, uma jovem de 14 anos, estudou a fundo esses dados históricos. Numa sala com pouca luz ela está sentada diante de três Examinadores para uma exaustiva prova de quatro horas. Adam Forde, seu herói, morto há bastante tempo, é o tema do exame. Se aprovada, ela será admitida na Academia – a instituição de elite que governa aquela sociedade utópica. Anax, porém, está prestes a descobrir que nem tudo consta dos registros acadêmicos. Há fatos, imagens, arquivos a que nem todos têm acesso. Antes que a avaliação termine, virão à tona o obscuro segredo da Academia e a realidade assustadora daquele admirável mundo novo. Inquietante e de uma ingenuidade encantadora, Gênesis conduz a um futuro em que antigas – e eternas – questões filosóficas se chocam com o avanço tecnológico – quando o significado de ser humano, ter consciência e ter alma tornam-se questões centrais.


               Gênesis foi um livro que, quando eu vi a capa e a sinopse pela primeira vez, eu esperava uma coisa. Quando comecei a ler, vi que seria outra coisa. Quando cheguei no final, percebi que foi uma coisa totalmente diferente do que eu tinha imaginado nas duas anteriores.
                Esse livro não tem uma leitura tão fácil. Ele se passa em um futuro distópico, onde acompanhamos Anaximandra em um exame de quatro horas que ela presta para tentar entrar na Academia, a elite intelectual da sociedade. No decorrer do livro, vamos percebendo que a escolha desse cenário para “carregar” a história é de extrema importância, mas nas primeiras 50 páginas, mais ou menos, eu fiquei extremamente entediada com a quantidade colossal de informação despejada na minha cabeça. Foi algo do tipo “explique centenas de anos de história em uma hora. Valendo.” Eu me senti em uma aula de História muito chata do Ensino Médio.



             Quando Anaximandra começa a falar sobre o tema da sua pesquisa, Adam Forde, as coisas ficam mais interessantes, embora no começo eu ainda sinta que a história dele poderia ter sido muito melhor trabalhada se não estivesse sendo contada pela Anax. Os trechos da história dele que são ilustrados por hologramas são narrados como se fossem parte da narrativa do próprio livro, e não uma fala da Anax, e nesses trechos eu consegui sentir muito mais empolgação com a dinâmica, até quando Adam e Art, um robô de inteligência artificial, discutiam questões filosóficas. Esses são dois pontos super discutidos no livro: I.A. e filosofia. Se me tivessem dito há alguns dias que eu iria ler um livro que tem discussões como “o que é ser consciente” e que não só acharia o desenvolvimento disso interessante como iria efetivamente gostar, eu teria dado risada na cara da pessoa. 
            Mas o que Beckett consegue fazer é contextualizar essa discussão de modo a torná-la importante na construção dos acontecimentos da história de Adam (e da própria sociedade de Anax). Assim, não fica uma coisa chata, e nesse caso as perguntas dos examinadores e as respostas de Anax sobre os hologramas também ajudaram a gerar um compreendimento muito maior de o que tudo aquilo significava.
             A prova de quatro horas é intercalada por intervalos de hora em hora. Estes intervalos não tem muito à adicionar a história, porém o primeiro, para mim, foi o mais inútil. Anaximandra encontra, na sala onde é levada a esperar, Soc, que também está ali prestando a prova da academia. Ela conversa um pouco com ele, ele age de maneira um pouco estranha, você imagina que ele vai ter alguma importância na história... e só. Depois, puf, Soc desaparece e nunca mais é mencionado no resto do livro.


                Completamente desnecessário.
                O final desse livro foi um dos mais inesperados que já encontrei. Ele consegue mudar tudo aquilo que você vai montando na sua cabeça ao longo da narrativa, e mostra que você interpretou tudo de maneira totalmente errada. Eu terminei o livro surpresa com a genialidade do autor.


                No geral, essa é uma leitura que eu não indicaria para quem está começando a ler, mas sim para quem já gosta e está disposto a encarar um livro que, apesar de curto, é difícil e mais denso do que parece a princípio. Para quem está disposto a isso, no entanto, eu digo que Gênesis é um livro incrível e que vale a pena ser lido!

Classificação Final:


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Quem escreve

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Thais Pampado. 20 anos. Escritora e estudante de Produção Editorial. Apaixonada por livros e por escrever. Lê praticamente qualquer gênero, mas tem uma paixão especial por fantasia e YA.
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