O Círculo dos Filhos
21:23
| Postado por
Thais Pampado
O blog Psychobooks está com um grande concurso cultural valendo vários kits de livros para
comemorar seu aniversário. Em um desses kits, a tarefa é escrever um texto
utilizando os títulos dos seis livros que o compõe: A
Filha da Minha Mãe e Eu, O
Reino, O Livro do Amanhã, Bruxos
e Bruxas, Manuscritos
do Mar Morto e Tipo Destino.
Quando
fui escrever o texto, que a princípio era para ter uns dois parágrafos, acabei
me empolgando e ele se estendeu muito mais do que o esperado, tanto que acabei
usando só parte dele para o concurso. De qualquer maneira, achei interessante
compartilhar o texto todo no blog! Boa leitura!
-x-
Naquela
noite, a Clareira Sagrada era iluminada pela pálida luz da Lua Cheia que
brilhava no céu. Uma leve bruma tomava conta do lugar, através da qual era
possível ver numerosos vultos, vestindo longas capas pretas, os capuzes
erguidos escondendo seus rostos. Eles formavam um círculo silencioso. Em seu
meio, havia apenas o toco de uma árvore há tempos cortada, no qual repousava um
grosso livro de aspecto antigo.
Apesar
do frio que fazia, nenhuma das figuras parecia
se importar. Imóveis, elas mantiveram sua formação por um longo tempo,
conforme a Lua subia no céu, até alcançar seu ponto mais alto, com o brilho
incidindo diretamente sobre a clareira. Nesse momento, uma das pessoas se
destacou do círculo, aproximando-se do livro no centro do local. Ela abaixou
seu capuz, revelando um homem de aparência altiva, com cabelos negros lisos até
os ombros e olhos azuis. Os outros membros do círculo imitaram sua ação,
descobrindo seus rostos, que variavam desde jovens até idosos. Todos
apresentavam a mesma coloração de olhos que o homem ao centro.
Este,
após todos terem revelado sua identidade, encostou suavemente a mão direita na
capa do livro.
-
Irmãos e irmãs – proclamou, e sua voz ecoou no silêncio da noite – Bruxos e
bruxas do reino de Saagha, filhos da Natureza e irmãos de sua Filha Suprema, a
Lua Cheia, nos reunimos aqui hoje para celebrar a junção de mais um ao nosso
círculo. Aproxime-se, Elero, filho da Natureza.
Um
garoto franzino, aparentemente o mais jovem dali, destacou-se dos outros e
dirigiu-se ao centro da clareira, parando do lado oposto ao homem com uma
expressão de ansiedade. O livro repousava entre os dois.
-
Seja bem-vindo, Elero, ao Círculo dos Bruxos de Saagha. Eu, Artros, protetor do
Círculo, convido-o a prestar seu juramento para o Livro do Amanhã, nosso guia
sagrado e guardião dos Manuscritos do Mar Morto, o registro dos destinos dos
filhos da Natureza. – disse o homem, retirando a mão que repousava sobre o
livro e em seguida agarrando a mão direita do garoto. – Você está pronto para
se unir a nós?
-
Estou – afirmou Elero, solene.
Sua
mão foi colocada sobre o livro, que emitiu um brilho esverdeado. Os integrantes
remanescentes na formação do círculo se aproximaram e deram-se as mãos de
maneira a fechar os buracos deixados por Artros e Elero. Sob a luz da lua e a
bruma, as pessoas pareciam tremeluzir.
-
Ó, Natureza, poderosa mãe que protege o reino de Saagha, e grande Lua Cheia,
que coloca seu olhar sobre nós – entoou Artros, com a voz repentinamente mais
profunda. Seus olhos, assim como o de todos os outros, voltaram-se para o céu.
– Concedam a Elero sua confiança e deixem que ele siga seu destino, determinado
desde o nascimento, de unir-se ao Círculo dos Filhos.
Dito
isso, Artros retornou para seu lugar no Círculo, juntando suas mãos às dos
outros. O brilho que emanava do livro ficou mais forte, e um vento fraco soprou
por entre as árvores. A tensão entre os presentes pareceu aumentar. Todos os
olhares agora se fixavam no jovem ao centro da clareira. Ao falar, as palavras
de Elero carregavam o peso da responsabilidade que ele assumia.
-
Eu, Elero, juro ser fiel ao Círculo dos Filhos e usar meus poderes com
sabedoria. Tomo todos aqui presentes como irmãos, e juro que por eles darei
minha vida. Juro defender o Círculo, e caso o mal sobrevenha e reste apenas a
Natureza, a Mãe da qual vim e a qual sirvo, a Lua Cheia, a Filha da minha Mãe,
e eu, juro que ainda assim não cessarei minhas obrigações e cumprirei meu
destino até o último de meus dias.
Ao
término da fala do garoto, o vento aumentou de intensidade, enquanto Elero
sentia o poder aumentando dentro de si. As pessoas ao seu redor ergueram os
braços para o alto, entoando um canto para os céus.
-
Grande Mãe Natureza, imponente Lua Cheia, nós lhes oferecemos nosso poder!
A
floresta, antes silenciosa, parecia estar viva; as árvores pareciam se mover ao
redor do círculo, e a luz que incidia sobre a clareira pareceu ficar ainda mais
forte. Elero fechou os olhos, a mão ainda posta firmemente sobre o Livro do
Amanhã, e repetiu junto aos outros:
-
Grande Mãe Natureza, imponente Lua Cheia, nós lhes oferecemos nosso poder!
E,
de repente, tudo cessou. As vozes se calaram, o vento parou de soprar, e o
livro não mais emitia brilho algum. Por alguns instantes, todos mantiveram um
ar solene, que indicava o fim da cerimônia. Então, lentamente, os bruxos e
bruxas foram se aproximando de Elero para lhe dar as boas-vindas, agora em tons
bem mais descontraídos. O garoto parecia afogueado com toda a atenção.
Artros
se aproximou do jovem e colocou a mão sobre seu ombro.
-
Seja bem-vindo ao Círculo, irmão.
Elero
sorriu.
-
É muito bom finalmente me juntar a vocês, irmão. – por fim, toda sua animação e
orgulho pareceram transparecer em seu rosto, e, abandonando toda a postura
séria, ele acrescentou – Tipo... destino melhor que esse não tem!
Artros
riu do jovem bruxo e em seguida afastou-se, deixando Elero usufruir da atenção
de ser o mais novo membro do Círculo dos Filhos.
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Parabéns Thais!!! Cada vez mais explorando e exercitando o seu maravilhoso dom e sua imaginação. Adorei!
ResponderExcluirOi Thais, adorei o texto! Espero que você ganhe, ficou bom mesmo!
ResponderExcluirBeijos
www.ratasdebiblioteca.com
Oie,
ResponderExcluirnossa adorei a ideia, vou tentar.
Seu texto ficou mto bom!!
bjos
http://blog.vanessasueroz.com.br